quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Uma cruz em minha viola Gerson Amaro

Uma cruz em minha viola
Gerson Amaro

Pelo corpo ferradura
A peçonha inocente
Natureza e criatura
Veneno muito valente
A doçura da amargura
Carrega pelos seus dentes
O bote é sua armadura
Astuta e inteligente
No verso do violeiro
Trago urutu cruzeiro
Uma cruz pra muita gente

Uma cruz em sua testa
No avesso de um malfeito
Urutu ninguém contesta
Tem o medo mais perfeito
A vida não é só festa
Quando sonho é desfeito
A coroa lhe atesta
O reinado por direito
No verso do violeiro
Trago urutu cruzeiro
Uma cruz com seu respeito

Tem por fé sua esperteza
Seu veneno não consola
A noite sua natureza
Suas presas não amola
O feio de uma beleza
É oferta sem esmola
Serpente e sua nobreza
Meus versos ela controla
No verso do violeiro
Trago urutu cruzeiro
Uma cruz em minha viol

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