quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Mais um pagode

 Sou presente e futuro 

Gerson Amaro 


Ninguém pede em casamento 

Se um dia não namorou 

Ninguém pede em namoro

Se um dia não beijou

Ninguém ganha um só beijo

Se um dia não o roubou 

Cada tempo com seu tempo

Não nasci um prematuro 

Eu não sou só um momento

Meu passado não comento 

Sou presente e futuro 


O relógio dá as horas

Mas não trabalha de graça 

A corda de um relógio 

Na vida não embaraça  

Quem atrasa nesta vida 

Taca pedra na vidraça 

A vidraça corta o tempo

Dando um tiro no escuro 

Eu não sou só um momento

Meu passado  não comento 

Sou presente e futuro


Eu não toco a viola

Antes de ser fabricada 

Sem minha mãe natureza 

Não existe violada

O ponteado perfeito 

Não nasce de mão trocada 

Na madeirada do tempo 

Meu dom fica mais maduro 

Eu não sou um só momento 

Meu passado não comento  

Sou presente e futuro 


O papel sem a caneta

Não escreve um poema 

O lapis  o tempo apaga 

Aumentando o problema 

O tempo escrevo a tinta 

As rimas são o meu lema 

Seguro morreu de velho 

Sou velho mas sou seguro 

Eu não sou só um momento 

Meu passado não comento 

Sou presente e futuro

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Dois Loucos

 Me diz 

Gerson Amaro 


Me olha e sorri 

Te faço gargalhar 

Diz não tá nem aí 

Saudades no ar 

Sei jeito é tão louco 

Que se encaixa no meu 

Mas eu acho tão pouco 

Ainda não ser seu 


Me diz ?

Oque é que tá faltando 

Se não tô me esforçando 

Então oque eu fiz ?

Me diz ?

O que tá esperando 

Pra mudar seus planos

Do jeito que eu quis 


Dois loucos e um hospício 

Mas sendo feliz

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Pagode

 Pagode vai e vem 

Gerson Amaro


A desculpa do culpado 

É sempre culpar alguém 

Já vi muito inocente 

Ir pra cova e pro além 

A justiça neste mundo 

Compra com notas de cem 

Deus do Céu cuida de tudo

E não conta pra ninguém 

Na peneira do destino 

Um homem vira menino 

De seus atos é refém 


Não ponho tudo num saco 

Pois pra mim não me convém 

Tem gente que vale ouro 

Outros não valem vintém 

Já fui homem e menino

Um dia já fui neném 

Nasci com bigode grosso 

Minha palavra se mantém 

No rastelo desta vida 

Deus que faz a acolhida 

E separa com amém 


Sou violeiro no mundo 

O pagode me mantém  

Minha primeira viola 

Eu troquei no armazém 

A tradição é caipira 

Neste jeito se mantém 

Eu não perco o meu jeito 

Mineiro de falar trem 

Na enxada amolada 

Na viola afinada 

Meu pagode vai e vem