A verdade do Sertão
Gerson Amaro:
Cheguei na idade tô em meus oitenta anos
Tá em meus planos de ficar um pouco mais
Vou semeando toda a sabedoria
Minha alegria,amigo, nunca foi demais
Hoje completo outra linda primavera
E quem me dera não ser mais um tanto faz
Pois tanto fiz para muitos nesta terra
Não fiz a guerra sempre semeei a paz
Vou cultivando tudo que eu aprendi
Não esqueci de quem nunca me esqueceu
Minhas sementes foram sempre espalhadas
Foram plantadas , e o destino assim colheu
Eu sou roceiro de anos já me passados
E transformados, o presente hoje sou eu
O meu futuro esperar com humildade
A eternidade bem ao lado de meu Deus
Tenho coroa pendurada num mancebo
Então percebo quanto feliz eu estou
Minha coroa um chapéu de duas palhas
Que tantas falhas em vitórias transformou
Minha enxada duas libras afiada
Hoje encostada , foi minha vida que encabou
Meu velho carro, roda e hoje é o mundo
Que num segundo um caipira coroou
Eu me despeço desta moda de saudade
Cantei verdade meu amigo meu irmão
Pois minha vida nunca foi pela metade
Fui majestade no inteiro de meu chão
Então eu tenho mais um tempo pela frente
Serei presente com um último refrão
Meia verdade sempre foi uma mentira
Sou um caipira a verdade do sertão