Cãopeão
Gerson Amaro / Luis Borges
Minha vida pela roça
Sempre foi bem diferente
Conto hoje uma história
Um pouco surpreendente
Desde a arca de Noé
De um tempo de antigamente
Animal é criatura
Mas pela minha cultura
É melhor do que muita gente
Um amigo então me disse
Que queria um animal
Um cachorro inteligente
Mas um cão policial
Eu tinha um cão em casa
Bem mais que especial
Mas ele não tinha marca
O famoso vira lata
Que olhava meu quintal
Meu Amigo então me disse
Essa raça é desgraçada
Pois sem raça e sem valor
É de fama abandonada
Não quero ele nem de graça
Não gosto de presepada
Meu cachorro não desfarço
Então pra que o embaraço ?
Sem ele te fazer nada ?
Saiu então pela estrada
E o tempo então mudou
O céu fazia barulho
E o tempo se fechou
O céu quando ele ladra
Ele morde sim senhor
Temporal sempre foi rude
Então rompeu o açude
E a estrada alagou
Meu amigo então ilhado
Quase ia se afogando
Meu cachorro ouviu longe
Ele socorro gritando
Saiu e em disparada
Eu já fui acompanhando
Com a água no pescoço
Gritou me ajude moço
Que já tô me entregando
Com a corda na cintura
Eu ajudei meu amigo
Salvei ele da enxurrada
Te juro foi bem sofrido
Já foi me agradecendo
Chorando agradecido
Mas sua fala foi ingrata
Foi esse meu vira lata
Que avisou do perigo
Até a vida na roça
Tem a discriminação
Quem não tem prata no bolso
Não é tratado de irmão
Meu cachorro vira lata
Pra mim é um cãopeão
Já quem cria preconceito
Só humano sem direito
De ganhar a salvação
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