quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Adoçando a Saudade

Adoçando a saudade

Gerson Amaro/ Renan Pé de Vento  


Minha mãezinha 

Hoje estou visitando 

Fazia tempo que eu não vinha mais 

Ela com seus oitenta e poucos anos

E seu semblante me passando a paz 

Sabedoria nos ensinamentos 

Que a faculdade nunca ensinou 

Água esquentando os meus sentimentos 

Pra um café que nunca esfriou  


Um canecão daquele esmaltados 

Café passando em coador de pano

Na mariquinha ele tá pendurado 

Café e tempo sempre estão passando 


O cafezinho perfumando a casa 

Foi ela mesmo que ele torrou 

Aquele aroma fez mexer minhas asas 

E foi voando que o tempo voltou 

Numa travessa tem um pão cortado 

E a manteiga que ela bateu 

A bolachinha de nata do lado 

E de passado o peito estremeceu 


Um canecão daquele esmaltados 

Café passando em coador de pano

Na mariquinha ele tá pendurado 

Café e tempo sempre estão passando 


Então na mesa começa a prosa 

Sobre o passado que ela passou 

De o meu pai lhe dando uma rosa 

No dia que os dois se apaixonou 

Naquela mesa tá faltando ele 

Só a lembrança em ver o seu chapéu 

Hoje o café, esquentou a saudade

Daquele que hoje descansa no céu 


Um canecão daquele esmaltados 

Café passando em coador de pano

Na mariquinha ele tá pendurado 

Café e tempo sempre estão passando 


Minha mãezinha mora lá na roça 

Quero encurtar pra sempre esse café

Vou vir mais vezes, mesmo que eu não possa  

Com a carroça ou  viajando a pé 

Felicidade vejo em seu rosto 

De saber que o seu filho aqui voltou 

Aqui eu volto e com muito gosto 

Pois sou o tempo que ainda não passou 


Um canecão daquele esmaltados 

Café passando em coador de pano

Na mariquinha ele tá pendurado 

Café e tempo sempre estão passando

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