sábado, 14 de março de 2020

NEM A METADE GERSON AMARO

DE UMA HISTORIA ME CONTADA HOJE , SAIU MAIS ESTA:


NEM A METADE
GERSON AMARO


Eu sou andante no mundo
Mendigo sua atenção
Porque eu estou andando
Sem parada no sertão ?
Eu pago o meu pecado
Um pouco de uma porção
No inteiro eu fui errado
A metade de um fardo
Carrego até meu caixão


Eu era um rapaizinho
Filho de um fazendeiro
Na vida era um escravo
Daquilo que é o dinheiro
Eu tinha tudo na vida
Me entenda meu companheiro
Um certo dia o divino
Através de um menino
Testou este brasileiro


O menino da fazenda
Filho de um trabalhador
Doente de uma das pernas
Castigo bem sofredor
Andava só a cavalo
Pra não sentir sua dor
Um cavalo tão bonito
Ganhado do Vô Pedrito
Mangalarga Marchador


Queria aquele cavalo
Pra enfeitar minha fazenda
Divino era o seu nome
Queria aquela encomenda
Ofereci meu dinheiro
Pra nem fazer a contenda
O menino recusô
Era um presente do Avô
Já peço que nem me entenda


Já disse que eu tinha tudo
Mas nunca tive um não
Fiquei pra lá de nervoso
Pois eu era o seu patrão
Mandei embora a família
Sem pena e sem coração
Teve mudança na vila
Carregaram sua mobília
Em cima de um caminhão


Chegando lá na cidade
Com a fome de a meia
Sem emprego a família
E nem castelo de areia
Venderam o cavalinho
Da pelagem bem vermeia
O menino só chorava
Saudade e dor se juntava
Numa cadeira tão feia


Chegou então o cavalo
Pois meu orgulho o comprou
Mas bem ali na minha frente
O cavalo se soltou
Tentou morder minha perna
E brabo ate relinchou
Eu escapei foi por sorte
Mas o cavalo com a morte
De vingança encontrou


Recebo a informação
Que veio lá da cidade
Num galope a noticia
Trazia outra maldade
O menininho morreu
De tanto sentir saudade
hoje eu vago no mundo
Me chamam de vagabundo
Mas não sou nem a metade

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