sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Rabiscos de um poeta Gerson Amaro



Rabiscos de um poeta
Gerson Amaro

Já fui esperança
No sonho de alguém
Já fui oração
Já fui um amém
Já fui nesta vida
Um causo de amor
Já fui tanta dor
Nos outros também
Já fui um andante
Na estrada da vida
Já fui acolhida
Pra aquele que vem
Já fui quase de tudo
Em minha jornada
Já fui quase um nada
Pra muito ninguém ...


Já fui muito crente
Já fui desviado
Já fui um soldado
Na guerra do céu
Já fui em igreja
Já fui em terreiro
Já fui cachaceiro
De pinga no mel
Já fui um solteiro
Já fui um casado
Cartório passado
Marcado em papel
Já fui um bom filho
Jáa dei bem trabalho
Fui pai sem atalho
De sombra o chapéu

Já fui lá da roça
Já fui um roceiro
Já fui um Carreiro
No meu sobrenome
Já fui a bonança
Já fui tempestade
Já fui a saudade
Que o tempo não some
Já fui a mentira
Já fui o sincero
Já fui o que eu quero
Fui sujeito homem
Já fui muita sede
Já fui a fartura
Já fui a cultura
Com toda sua fome

Hoje sou apenas
Um resto de tinta
A caneta pinta
As voltas que eu dou
E cada rabisco
Que escreve a caneta
Diz que o poeta
De novo voltou
Eu sou o futuro
Eu sou o presente
Meu sonho não mente
Eu sou sonhador
Eu sou a borracha
De erros passados
Hoje transformados
Naquilo que sou

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