A LENDA DA CRUZ DE FERRO – GERSON AMARO
Parte Falada
Já dizia o ditado
Famoso pelo sertão
Quem com ferro fere o amigo
Será ferido então
Assim começo essa moda
Meu aço faz o refrão
A vingança de um filho
Vingou quem apagou o brilho
De um pai e uma geração
Cantada:
Um casal simples da roça
Com a vida no grotão
De uma lado Juca Mineiro
Do outro seu coração
Mariazinha formosa
Na igreja teve união
Um filho de acompanho
Com sete de gestação
Batismos João Camargo
Gorinho era chamado
Por todos na região
O Ouro de uma beleza
Chamava sempre atenção
Mariazinha era linda
Mas feia de intenção
Um homem rico e malvado
Queria sua atenção
Basilio entra na historia
Buscando sua paixão
Mostrando todo seu ouro
Roubou de Juca o Tesouro
Fazendo uma traição
Juca mineiro nervoso
Pensou numa tentação
Se eu mato esse covarde
Acabo numa prisão
Pensando então em seu filho
Deixou pra lá a questão
Basilio ficou com medo
Preparou uma armação
No meio de uma estrada
Preparou uma cilada
Com a faca em sua mão
Um golpe em Juca Mineiro
No peito fez o ferrão
Ficou caído na estrada
Chorando uma oração
Gorinho escutou o grito
Correu com seu coração
Viu seu pai então morrendo
Desespero meu irmão
Escute agora meu filho
Quem me matou foi Basílio
Vingue sua geração
Juca mineiro enterrado
Sem mesmo ter um caixão
Na beira de uma serra
Uma cruz , cravou no chão
De madeira seu feitio
De ferro sua emoção
Gorinho guardou no peito
A prosa do pai então
Onze anos se passaram
Um dia se encontraram
Dois destinos e a razão
Gorinho disse a Basílio
Desça de seu alazão
Hoje tu vai pro inferno
Sem mesmo pedir perdão
Basílio então achou
Que era só um ladrão
Pode levar minha mula
Pois não tenho um tostão
Como ta minha mãezinha ?
Roubou tudo que eu tinha
Disse o herói da canção
Gorinho com um punhal
Herança de geração
Vingou o sangue do pai
Com o sangue da traição
Num gesto de despedida
Na cruz de madeira então
O Sangue do assassino
Limpou a vermelhidão
A cruz e o seu esmero
Virou uma cruz de ferro
Milagre do meu sertão
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