BILHETE ESCONDIDO - GERSON AMARO
Quarenta anos morando pela fazenda
Meu amigo me entenda, eu tive que me mudar.
A propriedade, foi vendida repassada
Vai virar uma invernada, café não vai mais florar
Nesta mudança separei toda mobília,
Eu não tinha mais família, pouca roupa pra juntar
E foi então, que achei bem escondido.
Em um terno esquecido, uma carta a lamentar.
E nesta carta, lacrada com a saudade.
Eu abri só a metade, e então eu pude ler.
Era um pedido de desculpas de meu filho
’Pai aqui eu me humilho, que saudades de lhe ver’’
Esse meu filho, por causa de amizade.
Tinha feito uma maldade, que jamais pude esquecer.
Tinha vendido sem a minha permissão
Meu cavalo que era bão, em matéria de correr
Aquela venda do cavalo de corrida
Balançou a minha vida, e uma briga se formou.
Ele bem novo, também ficou magoado.
Com orgulho bem manchado, da minha casa separou.
Passou os anos e agora em minha frente
Um simples de um bilhete, que meu filho me deixou.
Com a caneta bem marcada em seus planos
A data de vinte anos, que a carta escrevinhou.
Hoje não sei onde o meu filho mora
Juro por Nossa Senhora, que claro que perdoei.
Se estiver vendo esta letra bem cantada
E esta rima bem rimada, foi eu quem escrevinhei
Estou morando ainda na nossa Gralha
Na rua Chapéu de Palha numero quarenta e três
Filho querido por favor perdoe o pai
Eu só não corri atrás, pois seu bilhete não achei
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